Outro dia estava eu sentado num coletivo que faz a linha Centenário-Campo Comprido, e fui indagado por rapaz que carregava uma Bíblia embaixo do braço direito, se eu estava pronto para receber a vinda do Senhor que segundo ele será para julgar os vivos e os mortos e libertar a terra de tudo o que não presta. Pelo jeito eu estava incluído no que não presta.
Em dado momento o " crente" pediu para mim ler um determinado trecho daquele livro sagrado.
Um pouco aborrecido com o cara li mas em voz baixa o que não lhe agradou. Tentando me intimidar o "cara" pediu que a leitura fosse em voz alta para que os "pecadores" que estavam no coletivo dela tomassem conhecimento.
Sei que sou meio descrente para com os méritos desta gente que prega nas praças aos brados, bem como os que adoram imagens, coisas repudiadas pela Bíblia. Me neguei logicamente.
Não deu outra: o " crente" levantou-se e aos gritos disse que eu estava endemoniado e precisava ser exorcizado, pois representava um perigo aos que alí estavam.
Gente, eu me julgo um sujeito educado e respeito o direito de cada um ter sua convicção religiosa, seu partido político, sua opção sexual, mas não admitido que alguém tente me usar em suas manobras de extremismo religioso, quase chegando a loucura.
Não tive outra alternativa senão dar uns berros nos ouvidos do "crente" e dizer que se ele não deixasse aquele coletivo no próximo ponto eu o faria engolir a sua Bíblia.
O homem foi à loucura total: começou a gritar pedindo que as pessoas me segurassem pois eu representava uma ameaça, enquanto usava o celular para chamar a polícia.
Acreditem o final desta história maluca: Quando coletivo chegou ao ponto final lá estava uma viatura me esperando e ao lado dos policiais uma multidão querendo ver o desalmado jornalista que estava agredindo um " irmão em Deus", só pelo fato de que ele era de cor e crente.
Meu Deus!
Foi um verdadeiro parto convencer os policiais ao contrário, pois entre os " homens da lei" que eram três, dois eram negros, o que me deixava em inferioridade.
Depois de quase duas horas de explicações, por uma graça de Deus, o " crente", aquele do inicio deste texto, voltou a ter um ataque de religiosidade pediu para um policial ler, em voz alta, exatamente o trecho da Bíblia que eu não quis ler.
Foi o ponto final: aos berros os policiais deram dois minutos para o " irmão em Deus" deixar aquele terminal, pois em caso contrário ele iria ler a Bíblia numa Delegacia de Polícia.
Confesso que por um instante tive a vontade de ser crente.
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