Que vivemos num país de muitos contrastes nunca tive dúvidas. Mas que sempre acreditei na independência da Justiça, na lisura das suas decisões, na imparcialidade de seus julgamentos também sempre tive certeza absoluta, muito embora, por ocasião de alguns episódios políticos, minhas convicções sofressem alguns desmoronamentos, pois ficou claro que cadeia é coisa de pobre e que bandido do colarinho branco não dorme em presídio.
Na noite desta quinta feira (18) tive a tristeza de ouvir dos juizes do STJ, o sepultamento do diploma de jornalista, “ pois todos tem o direito da livre expressão”, afirmaram em alto e bom som, como ser jornalista fosse igual a um cozinheiro, um motorista de caminhão ou um cortador de cana, com todo o respeito aos que exercem estas atividades.
”Basta ser alfabetizado e ter sensibilidade”, afirmou outro magistrado.
Com esta conduta do STJ fica clara a evidência de dias piores para a categoria, pois agora os maus patrões (no Paraná tem aos montes), vão substituir os profissionais pelos seus filhos, pelos filhos das suas empregadas, pelos filhos dos seus amigos políticos, e vão fazer a sociedade engolir os releases que serão emitidos pelos órgãos públicos, como se notícia e verdade fossem.
Agora caberá às instituições de ensino que há mais de três décadas mantém cursos de jornalismo, buscar reverter esta decisão, não somente para salvaguardar seus interesses e o futuro de seus alunos, mas também para mostrar a estes mesmos juizes que ao longo de suas carreiras tiveram os jornalistas ao seu lado para divulgar seus feitos, que suas atitudes causaram um verdadeiro impacto social.
Fica aqui uma pergunta: por que os advogados, sim por que para ser um juiz antes tem que ser um advogado, que baseiam suas decisões em códigos impressos e em leis precisam ter curso superior, e um jornalista, que trabalha com as diferentes realidades promovidas pelo comportamento humano, usando sua capacidade intelectual e criatividade adquiridas nos bancos das faculdades para levar ao mundo os fatos gerados pelo comportamento humano, e as conquistas da ciência que buscam amenizar as dores e a fome de grande parte da humanidade, não precisam de um diploma superior?.
Aqueles têm livros para interpretar o direito.
Os jornalistas têm que trabalhar seu intelecto para produzir textos e fazer chegar ao grande público os fatos e decisões dos governantes.
Para nós profissionais, formados com um enorme sacrifício de nossos familiares, só nos resta aguardar dias melhores, pois o amanhã a Deus pertence e não aos juizes do STJ.